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Invenção do dinheiro colaborou com a alienação do trabalho

Hoje, as pessoas que menos trabalham são aquelas que acumulam maiores riquezas

     Alguém já parou para pensar, afinal de contas, porque um pedaço de papel com rostos desenhados e alguns números tem tanto valor e dá tanto poder para as pessoas? E por que esse ‘papel’ não ‘para’ nas mãos daqueles que mais trabalham?

     Acontece que o dinheiro é uma representatividade do tesouro nacional, ou pelo menos, deveria ser. Karl Marx explica a origem do dinheiro em seu livro, O Capital.

     Marx demonstra que após o mundo do escambo, a sociedade passou a definir uma moeda que seria o padrão para todas as trocas, um produto que poderia ser trocado por todas as outras mercadorias- um equivalente geral. Por exemplo, se acontecesse um apocalipse e a água do mundo fosse afetada, sobrando poucos rios, consequentemente a água passaria a ser a ‘moeda universal’. Quem a tivesse em abundância poderia trocá-la por roupas, comida, livros. Esse processo aconteceu com o ouro que é utilizado para fazer diversos objetos essenciais à vida. Marx explica que com o tempo, o ouro passou a se deteriorar e as pessoas começaram a guardar o tesouro verdadeiro e negociar com réplicas para preservar o original. Se o ouro poderia ser substituído por algo semelhante a ele, por que não trocar o ouro por papel que é muito mais fácil de produzir e manusear? Assim nasceu o dinheiro, e com ele diversos problemas.

     Para começar, as pessoas supõem que o dinheiro segue em circulação. No momento que alguém recebe e não gasta, já inicia uma diferença entre o tesouro nacional e a representatividade em papel. Mas, isso não é o mais importante. O principal é que o dinheiro aliena o trabalho, pois não é possível mais ter a noção de quanto foi preciso trabalhar para se fazer determinada mercadoria.

     Por exemplo, no sistema de troca, as pessoas sabiam que a quantidade para produzir uma peça de roupa era semelhante ao trabalho para tirar determinada quantidade de leite. Dessa forma, não havia perdas. Com a chegada do dinheiro ficou praticamente impossível medir o valor do trabalho.

     Atualmente, quando as ‘mercadorias chamam sedutoramente’ os consumidores nas prateleiras, as pessoas não pensam. - Hum... Quanto de trabalho foi preciso ter para encaixar esse parafuso? Ou para fazer a pintura? Ou quem sabe para gerar determinada imagem? Ninguém vai além se perguntando: - Será que aqueles que realmente trabalharam é que estão recebendo por esse produto? Ou o dinheiro na verdade está indo para o dono da fábrica? A reflexão pelo contrário costuma ser. – Será que essa mercadoria vai ficar bonita na minha sala? E ainda. - Em quantas parcelas eu vou ter que dividir para conseguir pagar ‘isso’ sem entrar no ‘vermelho’?

     Esses pensamentos são comuns, e não é vergonhoso ter esse tipo de ideia, pois o sistema capitalista trabalha para que mulheres e homens pensem e ajam de determinada maneira. Afinal, é bem difícil se questionar sobre o conceito de trabalho e a origem do dinheiro, quando o próprio trabalho consome quase todo o tempo, e mesmo assim, dinheiro é o que mais falta.

     Porque os impostos sobem cada vez mais, assim como, os preços das mercadorias nos supermercados, já o salário recebido não acompanha o aumento dessa inflação. É complicado desenvolver um pensamento crítico, quando a escola ensina que trabalhar é fazer algo para receber dinheiro em troca. E, ao mesmo tempo, a mídia mostra que quanto mais a pessoa trabalha, mais bens ela adquire. No entanto, esses conceitos estão totalmente destorcidos, pois 99% da riqueza do mundo está nas mãos de grandes empresários, que nunca trabalharam na vida, ou seja, nunca transformaram a matéria-prima em algo útil para a sociedade. Já o 1% da riqueza, está dividida entre os 99% de trabalhadores – aqueles que mantém a sociedade em pé - segundo o estudo da organização não-governamental britânica Oxfam, baseado em dados do banco Credit Suisse de outubro de 2015. Isso é ou não é uma anomalia do capitalismo?

Lark Lapato

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